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Aos poetas...

Aos poetas...
“ Haller é uma animal que vagava por um mundo que para ele era estranho e incompreensível, um animal que não conseguia mais achar a sua casa, sua paixão e o seu alimento (...). Aqueles que não têm um lobo dentro de si, não são por essa razão mais felizes.” Hermann Hesser (O lobo da estepe).

Poetas são Hallers. Estranham o mundo e as sensações incompreensíveis que lhes são oferecidas. Um estranhamento incômodo, que por vezes, causa-lhes dores internas. O simples, que de banal, torna-se complexo. Ou o complexo, que de inatingível, transmuta-se em desejo.

Não conseguem reconhecer sua casa, um interior farto de dúvidas, desconhecido, apesar de explorado, que quase sempre os coloca diante de situações indesejadas, imprecisas e incompreensíveis.

Vivenciam inúmeras paixões que os conduzem a situações inusitadas, diferentes das verdades e certezas estreitas dos homens. Vagam, ainda que presos às convenções, entre pensamentos e inquietudes descabidas e secretas, que poderiam surpreender o mundo.

Têm como alimento a palavra, compreendida pelos corações sensíveis, despercebida pelo cotidiano atordoado que quem apenas passará pela vida.
Vivem... Hora lobos, nunca cordeiros!

Selvagens o suficiente para proclamar verdades que incomodam.

Sensíveis Amores, nunca impossíveis, talvez tardios...



Wanderlúcia Welerson Sott Meyer

Publicado no Recanto das Letras em 08/02/2010

Código do texto: T2076029





Comentários

Gratidão

Certezas de Amor

Estavas ali, sempre estivestes. Não era matéria palpável Nem ilusão temporária Fazia parte dos dias Desde sempre... Um alento nos momentos de dor Uma esperança de amor Visitava-me nos sonhos Acariciava-me o rosto Registrava-se a presença Partia... Permanecia a sensação do encontro Serenidade pretendida Essência de sentimentos duradouros Suavidade que se sente Tal brisa suave tocando o corpo Indivisível êxtase Emoções desejadas Puras, intensas Tradução apropriada de Amor!

Amor maduro

Será preciso tempo para regenerar as lesões provocadas pelo desvario dos sentimentos. Não é possível afirmar se era amor de fato. Serviu como alento enquanto próximo estava. Agora, que apreende e absorve palavras proferidas sem nenhum compromisso estreito com a verdade, analisando frases soltas e atitudes contraditórias, percebe-se claramente a ineficiência das palavras que não condizem com a verdade. Realidade tão intensa quanto a fugacidade dos anseios de porvir. Confia cegamente na maturidade que se adquire, grata pelo aprendizado rápido e eficaz de que o amor, de fato, só existe nos atropelos da convivência, no encontro dos desajustes, no sentir mesmo nas turbulências, na expressão de respeito pelo que se é. Constância inconstante de emoções indefinidas e necessárias. Amadurecimento vagaroso determinado por momentos de desordem interna e externa. Cumplicidade que se expressa apesar dos enigmas e contradições de seres opostos que jamais se completam, apenas evoluem entre possív

Caminhos dicotômicos

Não lhe diria verdades, nunca as conheci. Tampouco desfecharia os inúmeros sonhos inconclusos que permaneceram latentes enquanto pensávamos estar no caminho. Nunca saberíamos se as estradas que escolhemos e as trajetórias que fizemos foram realmente escolhas. De fato, pouco valeria lastimar e fazer conjecturas. Basta-me a realidade detectada pela pupila dos olhos teus e meus, sentida na pele como distante toque etéreo. Adormecida, enquanto em vigília presumes e anseias o que jamais viverás. Reformulas vontades, despertando sorrisos que se encontram longe de ser o que desejas. Não seria lamento, apenas dúvida, suspeita de equívocos... Desconfiança de que, se os caminhos não fossem bifurcados e dicotômicos, se os desejos não fossem imaturos, ainda estarias ao meu lado. Wanderlúcia Welerson Sott Meyer