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Amadurecer sem endurecer


    Gostaria de crer que o amor é simples. Que as marcas, não nos deixam mágoas. Que as perdas, acrescentam anos. Que depois de se perder, seja lá o que ou quem se ame, nossos sentimentos acomodados pela dor, amadurecessem.
     Gostaria de crer que depois de longos lutos, estaríamos prontos para fugir das armadilhas que nossos corações não veem. Não nos tornaríamos frios, mas, mais aptos a desvendar os caminhos das ilusões que nos traduzem somente dores.
    Gostaria de crer no mundo, no humano, na sensibilidade das pessoas. Que ninguém fosse capaz de verbalizar engodos que ferem. Nem usassem de palavras que deveriam ser manifestadas para despertar o amor.
     Gostaria de crer... Como dói perder toda essa confiança que antes me atirava à vida com um pássaro em voo pleno, jogando-se ao mundo, envolto aos estímulos e sensações que percebe lhe bastarem para recomeçar.
     Gostaria mesmo de crer, que com a idade, o que chamam de discernimento e sabedoria, fosse parte de uma construção de grandes alegrias e encontros. São as dores físicas e psíquicas, o que dói na pele e o dilacera a alma, que transformam em couraça o que antes fora sonho, esperança e amor.
Wanderlúcia Welerson Sott Meyer
Publicado no Recanto das Letras em 26/02/2010
Código do texto: T2108331

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Gratidão

Certezas de Amor

Estavas ali, sempre estivestes. Não era matéria palpável Nem ilusão temporária Fazia parte dos dias Desde sempre... Um alento nos momentos de dor Uma esperança de amor Visitava-me nos sonhos Acariciava-me o rosto Registrava-se a presença Partia... Permanecia a sensação do encontro Serenidade pretendida Essência de sentimentos duradouros Suavidade que se sente Tal brisa suave tocando o corpo Indivisível êxtase Emoções desejadas Puras, intensas Tradução apropriada de Amor!

Amor maduro

Será preciso tempo para regenerar as lesões provocadas pelo desvario dos sentimentos. Não é possível afirmar se era amor de fato. Serviu como alento enquanto próximo estava. Agora, que apreende e absorve palavras proferidas sem nenhum compromisso estreito com a verdade, analisando frases soltas e atitudes contraditórias, percebe-se claramente a ineficiência das palavras que não condizem com a verdade. Realidade tão intensa quanto a fugacidade dos anseios de porvir. Confia cegamente na maturidade que se adquire, grata pelo aprendizado rápido e eficaz de que o amor, de fato, só existe nos atropelos da convivência, no encontro dos desajustes, no sentir mesmo nas turbulências, na expressão de respeito pelo que se é. Constância inconstante de emoções indefinidas e necessárias. Amadurecimento vagaroso determinado por momentos de desordem interna e externa. Cumplicidade que se expressa apesar dos enigmas e contradições de seres opostos que jamais se completam, apenas evoluem entre possív

Caminhos dicotômicos

Não lhe diria verdades, nunca as conheci. Tampouco desfecharia os inúmeros sonhos inconclusos que permaneceram latentes enquanto pensávamos estar no caminho. Nunca saberíamos se as estradas que escolhemos e as trajetórias que fizemos foram realmente escolhas. De fato, pouco valeria lastimar e fazer conjecturas. Basta-me a realidade detectada pela pupila dos olhos teus e meus, sentida na pele como distante toque etéreo. Adormecida, enquanto em vigília presumes e anseias o que jamais viverás. Reformulas vontades, despertando sorrisos que se encontram longe de ser o que desejas. Não seria lamento, apenas dúvida, suspeita de equívocos... Desconfiança de que, se os caminhos não fossem bifurcados e dicotômicos, se os desejos não fossem imaturos, ainda estarias ao meu lado. Wanderlúcia Welerson Sott Meyer