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Subversão feminina

Manhã calma, frio e úmido frio que envolve a pele, não sem viço, mas, já definida pelas marcas do tempo. Alma de muitos sonhos, nem todos foram... Mas, sobrevivem, embora submersos as ofuscadas névoas, perdidas... Estrada afora. O caminhar tornou-se tão seguro que a ponderação sobressai à voluntariosa vontade de viver. Houve um tempo em que era mais fácil sentir e tudo o que se queria era ser feliz enquanto durasse... Do pouco de se ter, do muito de se Ser! Houve um tempo em que a entrega era absoluta... Corpo, alma, sentimentos! Tempo de raciocínio uno, família, trabalho, casa... mulher! Houve um tempo que parecia que a confiança era a opção absoluta, esquecendo-se para viver pelo e para o outro. Engano... Sempre que se vive sem viver-se... A Luz que antes iluminava o caminho torna-se somente foco. O brilho e o esplendor, esses são roubados sutilmente... Dá-se o equívoco pensando-se ser apropriada a entrega absoluta. Acordar demanda dor, certa agonia que se instaura repelindo o que não lhe pertence, na busca de ser parte de si mesmo. Somente quem se perde sabe a dor da entrega. Somente quem se rompe é capaz de perceber o quanto se corrompeu. Entregando a outrem sonhos, alegrias, vontades, desejos que por não a pertencerem... Ficam guardados em caixas obscuras, exalando o odor peculiar de coisa esquecida. Houve um tempo... E haverá um tempo em que a busca a fará subverter o manual de regras, imposto pela formação antes absorvida e a espera se transformará em busca. Haverá um tempo, há um tempo... E diante do mesmo sobreviverá a esperança, distante de todas as perdas, de todos os momentos que não mais retornam, dos medos que já não existem, dos pensamentos que não mais estão ocultos, dos sentimentos que afloram, da permissão para reencontrar-se. Firme e forte destino que só pode ser vivido através do amor.
Wanderlúcia Welerson Sott Meyer
Publicado no Recanto das Letras em 02/03/2011
Código do texto: T2823595

Comentários

Gratidão

Certezas de Amor

Estavas ali, sempre estivestes. Não era matéria palpável Nem ilusão temporária Fazia parte dos dias Desde sempre... Um alento nos momentos de dor Uma esperança de amor Visitava-me nos sonhos Acariciava-me o rosto Registrava-se a presença Partia... Permanecia a sensação do encontro Serenidade pretendida Essência de sentimentos duradouros Suavidade que se sente Tal brisa suave tocando o corpo Indivisível êxtase Emoções desejadas Puras, intensas Tradução apropriada de Amor!

Amor maduro

Será preciso tempo para regenerar as lesões provocadas pelo desvario dos sentimentos. Não é possível afirmar se era amor de fato. Serviu como alento enquanto próximo estava. Agora, que apreende e absorve palavras proferidas sem nenhum compromisso estreito com a verdade, analisando frases soltas e atitudes contraditórias, percebe-se claramente a ineficiência das palavras que não condizem com a verdade. Realidade tão intensa quanto a fugacidade dos anseios de porvir. Confia cegamente na maturidade que se adquire, grata pelo aprendizado rápido e eficaz de que o amor, de fato, só existe nos atropelos da convivência, no encontro dos desajustes, no sentir mesmo nas turbulências, na expressão de respeito pelo que se é. Constância inconstante de emoções indefinidas e necessárias. Amadurecimento vagaroso determinado por momentos de desordem interna e externa. Cumplicidade que se expressa apesar dos enigmas e contradições de seres opostos que jamais se completam, apenas evoluem entre possív

Caminhos dicotômicos

Não lhe diria verdades, nunca as conheci. Tampouco desfecharia os inúmeros sonhos inconclusos que permaneceram latentes enquanto pensávamos estar no caminho. Nunca saberíamos se as estradas que escolhemos e as trajetórias que fizemos foram realmente escolhas. De fato, pouco valeria lastimar e fazer conjecturas. Basta-me a realidade detectada pela pupila dos olhos teus e meus, sentida na pele como distante toque etéreo. Adormecida, enquanto em vigília presumes e anseias o que jamais viverás. Reformulas vontades, despertando sorrisos que se encontram longe de ser o que desejas. Não seria lamento, apenas dúvida, suspeita de equívocos... Desconfiança de que, se os caminhos não fossem bifurcados e dicotômicos, se os desejos não fossem imaturos, ainda estarias ao meu lado. Wanderlúcia Welerson Sott Meyer