Cedo, abro a janela do quarto. Tão cedo, que meu filho
pergunta: “Já de janela aberta, mamãe?”. O acolho nos braços e lhe digo: “É
para dar bom dia, ao dia!” Chego à janela aberta: “Bom dia, dia!” e os pássaros
parecem responder um sonoro “Bom dia!”. Meu filho sorri e se encanta eis um bom
começo.
Os atropelos da vida nos conduzem ao desencanto. Deixamos de
observar momentos de rara beleza. Não nos damos conta de circunstâncias simples
que preencheriam nosso caminho de flores se fossem observadas cotidianamente. São
dádivas que recebemos: a natureza, as pessoas com as quais convivemos, os
aprendizados. Há quem passe pela vida sem percebê-la, apenas passe.
Encantar-se, permitir-se o enlevo, harmonizar-se com as situações, sejam elas
de conflito ou de paz. Quando passamos a aceitar o que nos advém,
esforçando-nos para laborar em prol da vida parece que conseguimos vislumbrar
melhor as dádivas. Desenvolvemos a gratidão e, portanto, o encantamento. Toda
reclamação é pura perda de energia! Reconciliar-se, perdoar-se, ouvir o
pássaro, observar flores, agradecer... A chuva, o vento, o Sol que proporciona
renovação e vida continuamente. Encantar-se pelo corpo físico que deténs e
lapidar carinhosamente o princípio de vida que nos conduz ao Eterno,
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