Hoje escrevo por incômodo, expressando o que vi e ouvi. Sou
mulher, guerreira, independente, no entanto nunca abdiquei do espaço e jeito de
ser Mulher. Cavalheiros me encantam, adoro flores, gentilezas, gosto de me
sentir respeitada e me apaixono por músicas, textos e poesias que buscam
desvendar a alma feminina, tão diversa e complexa, que chegam a taxa-la de incompreensível.
Há anos não participo de carnavais, opção consciente que faço sem nenhum
preconceito. Confesso que antes adorava participar de bailes, cantar marchinhas
e ver desfiles. Este ano optei por viajar com minha família para uma região
litorânea. Ficamos próximos à praia e todas as tardes grupos de jovens (muito
jovens mesmo) e adolescentes reuniam-se em concentração esperando o desfile dos
blocos e trios elétricos. Sou culturalmente eclética, acredito na diversidade e
raramente me espanto com o comportamento das pessoas. Mas, fiquei assombrada com
as letras das supostas músicas que essas pessoas cantavam e dançavam. Aquilo
não era carnaval. Longe de ritmos e opções musicais, vi meninas e mulheres,
cantarem e dançarem letras que nada mais eram que um retrocesso no que diz
respeito à valorização da mulher. Como dançar e cantar frases que tratam
mulheres como objetos e rotulam com palavras chulas seres humanos? Confesso que
me senti ultrajada por todas aquelas mulheres e meninas que lá estavam sem se
darem conta de que estavam sendo insultadas. Alguns podem dizer que não
compreendo por não pertencer a essa época, mas, vi nos olhos e na fala de minha
filha a mesma indignação. E se há tanta luta justa por igualdade e quebra de preconceito,
como podem deixar que essas letras hediondas entrem em nossos lares e ouvidos
como algo normal? Eu conheço e reconheço a liberdade de expressão, mas, também
tenho consciência dos direitos que tenho como cidadã e mulher de não aceitar
que tratem seres humanos femininos com vulgaridade e desrespeito.
Opinião que expresso como desabafo sem pretensão de convencer.
Se for uma tendência que seja algo que respeite e acrescente. Que ninguém seja
obrigado a receber insultos em alto falantes e enormes caixas de som, enquanto
uma plateia tomada pelo ritmo dança sem refletir no que ouve.
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