Os tempos mudaram, a tecnologia avançou, recebemos informações inúmeras
até mesmo as que não queremos, contudo, sempre me pergunto se a pretexto
de evoluir o ser humano não venha perdendo sua essência,
principalmente, no ato de cuidar. Assusta-me perceber que nossas
crianças comecem tão cedo a sentir a ausência de afetividade, carinho e
atenção. São conduzidos pela vida como pequenos adultos, repletos de
responsabilidades, utilizando desde muito cedo a expressão “falta de
tempo” para justificar falhas, que determinarão toda a vida adulta.
Ouvi uma atriz dizendo que agora que se tornara mãe, havia descoberto o
milagre da multiplicação do tempo. Tinha que ser mãe, atriz e
preocupava-se em manter tudo o que fazia antes de ser mãe. Não abriria
mão de sua vida anterior. Fiquei me perguntando, sem julgá-la, que tempo
teria para oferecer ao seu filho. Escondemo-nos atrás de obrigações que
julgamos necessárias e fundamentais, nos esquecendo de que o ato de
cuidar exige leveza, proximidade, paciência, tempo. A opção, e afirmo
ser uma opção de ter filhos deveria não somente corresponder ao nosso
desejo de ser pai e mãe, mas e, principalmente, deveria ser uma escolha
consciente, consistente e madura. Uma consciência desperta de que nossa
vida jamais será a mesma, porque se antes tínhamos que administrar o
nosso tempo, depois temos de administrar o amor essência, doação,
entrega. E não se iludam, não existe receita. Cada ser que nos chega
como filho ou filha é único. Carregam consigo aspirações e tendências
que nos posicionam em grandes desafios. O ato de cuidar começa quando
nos seguram apenas um dedo, ainda com mãos minúsculas, solicitando-nos
silenciosamente a segurança que determinará toda a existência. Percebam
como nossas crianças, ainda não corrompidas pelos desejos que temos se
alegram com pequenas coisas e situações por nós consideradas
insignificantes. Acolhimento, confiabilidade e amor são sentimentos
impossíveis de serem comprados. Como educadora, continuo a me
surpreender com a necessidade de afeto que verificamos nos olhos de
alguns alunos. Indisciplina como grito de socorro, limite que se pede
quando tudo pode, carência afetiva e efetiva determinada pelo excesso
material e escassez de toque, palavra, escuta. “Fracassos” escolares que
nada mais são do que sinais de que algo não está bem. Pequenos sintomas
de grandes problemas ocultos, porque negados, impotência diante de uma
realidade ainda difícil de ser entendida. Só responda e informe uma
criança o que ela lhe perguntar, desencantá-la transformando heróis em
vilões, princesas em bruxas, não contribui, destrói. Sonhos, fantasias…
É o que precisam, dosados por uma responsabilidade sentida como
exemplo, apreendida por e através do amor.
Estavas ali, sempre estivestes. Não era matéria palpável Nem ilusão temporária Fazia parte dos dias Desde sempre... Um alento nos momentos de dor Uma esperança de amor Visitava-me nos sonhos Acariciava-me o rosto Registrava-se a presença Partia... Permanecia a sensação do encontro Serenidade pretendida Essência de sentimentos duradouros Suavidade que se sente Tal brisa suave tocando o corpo Indivisível êxtase Emoções desejadas Puras, intensas Tradução apropriada de Amor!
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