Cotidiano... família
Já era tarde, cheguei do grupo de estudos, meus filhos ainda
estudavam... os beijei, disse o quanto estava com saudade, o quanto os amava.
Um deles, fazia uma produção de texto. Estão se preparando
para o PISM E ENEM. Na minha visão de educadora, uma agonia. Começam aos quinze anos e, três anos depois, têm que
definir profissões e caminhos. No caso deles, não têm vida social, pararam a
atividade esportiva que faziam e estudam muito. Chega o momento de decidir, as
dúvidas surgem e, além dos conflitos normais da idade, absorvem discursos que os
estimulam à concorrência e a ideia de que, se não passarem perderão anos de
investimentos pessoais. Insisto em afirmar que o conhecimento que se adquire é
o que realmente conta.
Me
sentei ao lado dele, estava chateado. O computador fechou, pensava haver perdido tudo o que escreveu. Busquei
tranquilizá-lo, certamente o texto foi
salvo automaticamente. Desligamos o notebook, religamos e fiquei esperando. Demorou.
Ele me disse que eu poderia descansar, não precisaria ficar ali. Respondi com
carinho: “Filho, vou ficar ao seu lado. Penso que podemos resolver, mas da
próxima vez salve o documento enquanto digita.” Ele sorriu (aprendizado de quem
sabe recomeçar) e me disse: “Mãe, não
vai dar mesmo. Vou ter que fazer de novo.” Disse-lhe que precisamos ter esperança, nas
pequenas e nas grandes coisas. Ele, no auge dos seus dezessete anos, falou: “ Mãe,
é melhor não ficar esperando... a decepção é maior.”
Fiquei refletindo e respondi que em qualquer circunstância é
preciso manter a esperança. Se o resultado não for o desejado, reconstruímos.
Naqueles poucos minutos, cansados... o amor fluiu como fonte
e refrigério.
Conseguimos, salvamos o documento, o beijei, deixei que
terminasse a tarefa. Antes de sair do quarto, lhe disse olhando em seus olhos
(sempre fiz isso): Filho, há sempre esperança! Ele sorriu novamente.
São momentos singelos, ao olhar
distraído, sem nenhum significado... fazem toda a diferença.
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