Se a caneta não lhe serve como forma de expressão, há algo errado com os contornos de sua alma que não mais percebe a extensão das entrelinhas. Oculta, resguarda resmungos, contradições e desejos. Em que ponto perdeste a fantasia? Em que esquina depositaste a esperança? E os devaneios de amor? Aqueles que alimentavas com simplicidade e desvelo. São incógnitas, dúvidas desarticuladas que não encontram nexo, que se estendem e arrocham os pensamentos. Mais interrompem do que buscam. Sintomas de maturidade ou devaneios de um coração que se recusa a sonhar. Pesados questionamentos que arrastam as fantasias. Do que se deve, ao que se pensa querer; do que se vive ou pretende-se viver. Pontos de ebulição prestes a explodirem Se a caneta não se presta a escrita, o teclado não lhe atrai, silencie. Observe o que não lhe serve, desocupe espaços , deposite o que não lhe cabe, o que lhe sobrecarrega à beira da estrada. Esforço empreendido para mais leve prosseguir, conduzindo apenas o lhe pertence.
Cotidiano... família Já era tarde, cheguei do grupo de estudos, meus filhos ainda estudavam... os beijei, disse o quanto estava com saudade, o quanto os amava. Um deles, fazia uma produção de texto. Estão se preparando para o PISM E ENEM. Na minha visão de educadora, uma agonia. Começam aos quinze anos e, três anos depois, têm que definir profissões e caminhos. No caso deles, não têm vida social, pararam a atividade esportiva que faziam e estudam muito. Chega o momento de decidir, as dúvidas surgem e, além dos conflitos normais da idade, absorvem discursos que os estimulam à concorrência e a ideia de que, se não passarem perderão anos de investimentos pessoais. Insisto em afirmar que o conhecimento que se adquire é o que realmente conta. Me sentei ao lado dele, estava chateado. O computador fechou, pensava haver perdido tudo o que escreveu. Busquei tranquilizá-lo, certamente o texto foi salvo automaticamente. Desligamos o notebook, religamos e fiquei esperando. Demoro